quinta-feira, 9 de junho de 2011

Biologia em todos os cantos III - O dia do Curinga (Análise Crítica)


Galera,


Estou empolgadíssimo terminando de ler o livro O dia do Curinga, de Joisten Gaarden, mesmo autor de O mundo de Sofia. ( E de outro, excelente e triste chamado O outro lado do Espelho).

Nesse livro do Gaarden há um paralelo entre um mundo fantasioso e a filosofia, na vida real, e acabei encontrando nisso também um paralelo com a Teoria da Evolução das Espécies. O livro é cheio de metalinguagem, conta a história de um garotinho, filho de um filósofo que está viajando com o pai pela Europa a procura da mãe que fugiu para se encontrar e virou modelo na Grécia. Certo dia, numa padaria de uma cidadezinha um padeiro dá um pãozinho de presente para o menino e diz que tem uma surpresa. E dentro do pão o menino encontra um mini livrinho e ao longo da viagem o garotinho vai lendo o livrinho, que de certa forma parece que vai contar a história do próprio menino e  o menino tem tantas reflexões que parece que sou eu mesmo lendo a história (ou qualquer outro leitor). Metalinguagem dupla, genial!
No minilivrinho há a história de um naufrágo que chegou em uma ilha perdida no meio do Atlântico. (Vou resumir a história para não virar Spoiler e também porque vou frisar mais a parte que se relaciona à teoria da Evolução). O náufrago ficou muitos anos sozinho nessa ilha, que tinha frutas estranhas e bichos de seis patas. A única companhia do náufrago (Frode) era um baralho com 52 cartas. Depois de jogar infinitas vezes um jogo de paciência invetado por ele mesmo, Hans começa a imaginar que cada carta do baralho era uma pessoa, suas únicas companhias. Depois de alguns anos, quando as cartas do baralho já estavam destruídas pelo tempo e pela salinidade, as pessoas imaginadas por Frode começam a surgir de verdade na ilha. Primeiro um Valete de Ouros, depois um Rei de Espadas. Anões vivos com símbolos das cartas. Depois a Ás de Ouros, que é uma musa inspiradora. Durante muito tempo Frode acha que está delirando, mas um dia outro náufrago chega na ilha e ve as mesmas figuras.

As cartas de baralho vivas, viviam alienadamente, só conseguiam entender as regras de um jogo, mas não perguntavam sobre suas origens. Até que um dia surge o Curinga que não é de nenhum naipe, não é submetido a nenhum rei é apenas ele mesmo. O Curinga então percebe que aquelas pessoas daquela ilha eram muito bitoladas, organizadinhas vivendo como se fossem cartas. E certo dia resolve então perguntar para Frode porque ele achava que aquelas pessoas viviam tão organizadas, será que ninguém tinha criado aquilo tudo. E Frode responde. _ Pode ser que seja obra do acaso. Imagine se você jogar vários gravetos para cima eles podem cair de forma organizada. Eu sempre achei que a Teoria da Evolução e o Criacionismo são a mesma coisa, como duas faces da mesma moeda. Eu só queria que os dois lados dessa discussão deixassem de se tão cabeça duras. Religiosos continuam acreditando que Deus é um velhinho que está no céu e criou tudo em 7 dias. Richard Dawkins, principal expoente moderno da Teoria da Evolução financia um acampamento que pagará um prêmio para quem provar que Deus não existe, isso sem falar na velha máxima que diz que Charles Darwin matou Deus.  E todas as mutações que levaram a imensa biodiversidade que observamos no nosso planeta hoje, a todas adaptações e formas de vida espetaculares, são explicadas com o  que eu sempre irei achar absurdo: o random, o acaso, o estocástico.

Assim como o Frode na história. "É tudo obra do acaso!" Frode resolve perguntar então para o Curinga
-Curinga e se eu te disesse que você, e tudo isso aqui, essa ilha e essas pessoas são uma criação da minha mente, o que você faria?

E sabem o que o Curinga responde:

- Eu teria que te matar , pois preciso manter minha dignidade!

Acho que nem preciso falar mais nada.
 

 

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