quarta-feira, 27 de abril de 2011

As propostas dos PCNs e CBCs e o ensino de biologia

De forma concisa, a proposta dos PCNs é ratificar os princípios gerais da LDB, orientando os professores, dos conteúdos que devem ser contemplados e a modo como devem ser trabalhados. O foco dos PCNs são as habilidades desenvolvidas a partir da aprendizagem daqueles determinados conteúdos e como aquilo está relacionado com os demais assuntos culminando na maior competência do aluno naquela área geral. Assim, percebemos que esse modelo de aprendizagem está intimamente relacionado com a interdisciplinaridade dos diversos conteúdos aprendidos, o que proporciona ao aluno uma visão holística e contextualizada. E acredito que esse realmente é o modo como a biologia deve ser ensinada, uma vez que como sabemos, para tratar de temas relacionados com a vida trabalhamos com inúmeras variáveis bastante complexas e intimamente relacionadas, assim é necessário um maior conhecimento de vários assuntos para uma melhor compreensão do que estamos aprendendo. Se isso estivesse realmente acontecendo nas salas de aula, seria um enorme avanço em termos de educação. Daí surgem as perguntas: Qual o motivo de não estar sendo praticado? Se não está acontecendo, de quem é a culpa? Dos professores? Da falta de interesse dos alunos? Da coordenação dos colégios? Enfim, são inúmeros fatores que contribuem de maneira sinérgica e o resultado final é o que vivenciamos nas salas de aula, algo desastroso. A proposta dos PCNs é ótima, mas não é posta em prática. Em relação aos CBCs os questionamentos são os mesmos. Na teoria, uma parte da carga horária disponível para a disciplina seria para os conteúdos básicos comuns, algo necessário, uma vez que o aprofundamento no conteúdo só é possível a partir do momento que os alunos já possuem um domínio dos temas que devem ser debatidos. Depois disso, o restante do tempo será definido pela própria escola, o que proporciona uma maior autonomia que já é prevista por lei, e consequentemente uma melhor contextualização dos conteúdos básicos e uma possível adição de outros conteúdos complementares, que a escola julga necessário para a formação do aluno.
E nos indagamos novamente: será que apenas os mecanismos para colocá-los em prática são falhos? Basta observamos e vivenciarmos o ambiente escolar para verificar que o problema é bem mais complicado do que parece. A interdisciplinaridade é algo difícil de ser trabalhado quando não há uma preocupação de todos os professores, seja de anos anteriores quanto de outras disciplinas, o fato é que para a compreensão de um processo em todos suas facetas, é necessário uma base conceitual mais abrangente, e inúmeros conceitos prévios, assim se os alunos carecem da base, como podem discutir e aprender como um determinado fenômeno ocorre. Os links não são complicados de serem trabalhados, mas os diversos conhecimentos necessários e uma maior preparação das aulas são problemas que precisam ser sanados, ou no mínimo mitigados. Por isso, uma melhor preparação na formação dos professores é essencial. Um ponto interessante de ser debatido é o fato de que o pensamento prevalecente é aquele tradicionalista, ou seja, o que preza apenas pela transmissão das informações, e o professor apenas um transmissor da matéria de forma clara e de fácil assimilação pelos alunos, orientado pelo seu fiel companheiro, o livro didático. Como discutimos nas aulas sobre o livro didático, caso seja adotado como único recurso, o que ocorre na esmagadora maioria dos colégios, não será possível a contextualização e a interdisciplinaridade que são carentes nesses materiais em que a prioridade é que todo conteúdo programado seja abordado, mesmo que isso só ocorra de maneira superficial. Com isso, percebemos que a mudança de paradigma no ensino da biologia está presente nos PCNs e CBCs, mas que na prática ainda não estão em vigor, prevalecendo esse ensino dogmático dos conteúdos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário