E aí galera!
Bom dia...
Bem, primeiro vou rever quais minhas concepções pessoais do que significa Biologia, tanto no sentido científico do termo, quanto dentro de uma ótica de ensino e aprendizagem. Dei uma lida nos PCNS e no CBCs, e se eu contar desde o ensino médio, são pelo menos uns nove anos estudando Bio, então acho que minhas concepções pessoais já estão fundidas com as teorias que aprendi, mas vamos lá.
Voltando à origem latina de tudo: Bio - Vida; Logia - Estudo. Estudo da Vida. Da minha vida, da vida de outros humanos, ou de outras espécies? Ora, isso tudo junto. Uma "Biologia Ideal", para mim começaria com uma visão mais holística, através de uma metodologia que explicitaria para os alunos que de certa forma aquele conteúdo é um caminho para o autoconhecimento. Já na faculdade, no meu primeiro ano, a turma costumava brincar que ninguém entrava ali para fazer faculdade de Bio, mas sim de Anatomia, que era a disciplina mais puxada daquele ano. Eu levei a disciplina tão a sério, sob um ponto de vista de que todos aqueles detalhes anatômicos, por mais complexos que fossem, faziam parte de mim, mas levei isso tão sério que tomei gosto por fazer a disciplina, mesmo com todos os alunos mais velhos me colocando medo. Resultado: fechei a disciplina carrasca com nota nove. É que a primeira forma de vida com a qual temos contato é a nossa própria vida, então acho que conduzir o estudo da biologia de uma maneira que leve o indivíduo a se conhecer, é um primeiro passo para que esse indivíduo possa compreender também os outros seres e consequentemente as relações entre esses seres e com o ambiente em que vivem. Acho muito tranquilo encontrar links entre a Biologia e o autoconhecimento. Sei lá, no estudo de Anatomia - "Gente, vocês sabiam que vocês tem hálux?? Aposto que não sabiam!!", ou na Fisiologia "Cara, quer ir ao banheiro? Sabia que a angiotensina é um hormônio que está em ação aí dentro, no seu rim, agora?" Histologia " Quem aqui já quebrou algum osso? Então saibam que vocês só se recuperaram porque vocês tem osteoclastos, as células responsáveis pela reparação óssea!" e por aí vai... Fizemos, em uma disciplina de didática, uma simulação de aulas sobre o corpo humano com uma visão mais integralizada. Os resultados foram muito bons, mas infelizmente foram somente simulações, o novo currículo que elaboramos não foi executado numa turma de segundo grau de verdade.
O único cuidado em se ensinar biologia de uma maneira que leve o aluno a refletir sobre si mesmo, é que o estudante não pode sair formado com uma idéia antropocêntrica na cabeça. O aluno tem que se conhecer mas compreendendo que ele não é o centro de tudo. E é aí que na minha Biologia Ideal, disciplinas como Ecologia e Genética e Botânica deveriam ser perfeitamente trabalhadas, de uma maneira que leve o estudante a compreender, por exemplo, que a manutenção da biodiversidade é fundamental para a manutenção da própria vida no planeta.
Os PCNS e CBCs em alguns pontos se encaixam na minha visão de Biologia ideal. Nos PCNS achei interessante a questão de terem tirado o foco do professor, e colocaram o estudante como ator principal do próprio processo ensino-aprendizagem. Claro que na prática o paradigma antigo, onde o professor é visto como autoridade inquestionável e detentor do saber ainda é muito utilizado por aí, mas já é um grande passo para a Educação ter isso previsto em um documento como o PCN. Os temas transversais também são um ponto forte nos PCNS e a Biologia é uma disciplina que tem um importante papel pois parte do conteúdo que é reconhecido como conteúdo transversal, faz parte do escopo das Ciências Biológicas, como Educação Ambiental e tópicos de saúde, por exemplo.
Quanto aos CBCs, conversei com alguns professores e na prática eles não gostam muito. Dizem que a Biologia tinha uma organização própria, começando do estudo molecular e indo até o estudo de ecossistemas, e as CBCs inverteram essa ordem. Os professores reclamam que os alunos estão tendo que enfrentar um conteúdo muito extenso, sem antes terem tido base para esse estudo. Acho que a proposta dos eixos das CBCs é bastante interessante, pois abrange assuntos necessários e básicos, mas de uma forma aberta, na qual o professor pode buscar diversos outros recursos para complementar o que está se estudando. Apesar de falar sobre considerações das transformações do corpo adolescente, as CBCs tratam do assunto de maneira muito superficial. Não sugere que o professor conduza algumas aulas buscando incentivar os alunos a buscarem o autoconhecimento, um saber fundamental para a compreensão de tantos outros saberes.
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